segunda-feira, 21 de julho de 2014

Narizes Invisíveis

Na oficina de palhaço a gente aprende a subir a energia antes de subir a máscara.. dança pessoal, olhares, radiola, qualquer coisa que nos deixe mais vivos. Mas pensando bem, precisamos acessar a caixinha que fica quatro dedos abaixo do umbigo todos os dias, não apenas para subir a máscara, mas para subir a vontade de viver.
Para acordar cedo e ir trabalhar, para esperar o busão lotado, para levar o celular à assistência técnica. Para ouvir sermão dos pais, para lavar os pratos do almoço, para passear com o cachorro. Para levar à sério a dieta, para caminhar na praça, para tomar banho. Para vencer a inércia, ou melhor, fazer melhor uso dela. Se nos acomodarmos, tenderemos a continuar assim, mas se nos movermos não tenderemos a continuar em movimento?
Suba a energia todas as manhãs quando acordar. Bote aquela música pra tocar, dance pro espelho e cante junto. Não necessariamente nessa ordem.
Abrace a pessoa mais próxima que você encontrar, encontre olhares, converse com Deus.
Tenho certeza de que, no mínimo, você se sentirá mais vivo.


Vanêssa Aulette

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pesos e Medidas.


Você achou que a chama duraria para sempre, que qualquer distância que fosse imposta só serviria para acendê-la mais ainda.
Ledo engano.
Foi-se apagando aos poucos e ao mesmo tempo tão de repente. Com um pouco de terra aqui, um pano molhado ali. Escoteiro nenhum no mundo teria destreza maior.

Amor só se sustenta na reciprocidade. Não dá pra amar hoje e só ser amado semana que vem. Tem que ser de iguais pesos e medidas. Você pode até barganhar aqui e ali, pedir para a moça colocar mais dois limões na sacola, perguntar se faz três por um, mas se fizer isso alguém vai arcar com o prejuízo.
No amor não há cortesia que sustente.
Aquele que recebe menos do que dá, hora ou outra vai sentir mágoa, e esse é um prejuízo com o qual ninguém quer arcar. É difícil esquecer as palavras que não foram ouvidas, os abraços que não foram sentidos, as cartas de amor incorrespondidas e esquecidas dentro da gaveta.

Amor não foi feito para ser guardado, foi feito para ser usado hoje. Quanto mais se usa, mais se tem. Essa é a lei.
É preciso sentir a mesma falta, o coração tem que apertar com a mesma intensidade, é preciso revisitar.
Porque tudo o que não é revisitado, morre.

A sina do meu coração é tecido fibrosado. Tão calejado que já nem bate mais direito.
Já não é mais tão vivo. Tão vermelho.
Já não anda mais embriagado.

Vive a monotonia de uma vida sóbria...


Vanêssa Aulette.