domingo, 17 de maio de 2015

Das Ruínas.

A tempestade veio. Sem dó. Sem aviso. Sem tempo para abrigar o coração no sótão.
Saí de manhã pra comprar o pão e quando voltei tudo estava abaixo. O nosso castelo sucumbiu, só me restou escombros.
Eu trouxe sua broa predileta, mas você não estava mais lá. Deixou a chave embaixo do carpete e saiu.
Você foi embora sem mim.
Sem olhar pra trás.
Sem podar as flores, sem adubar o jardim.
Sem medir as consequências.

Tentei caminhar pelo terreno para tentar salvar alguma coisa do que foi nosso. Mas tudo estava em ruínas. Só tinha destroços dos meus sonhos esmagados por tijolos. Sufocados. Quando dei por mim também estava em pedaços. Sem perna, sem braços, o coração sangrando. Entrei em choque. Hipovolêmico, cardiogênico, todos os choques possíveis.

Aquele costumava ser nosso lar. Você costumava ser meu lar.
Mas hoje sou apenas uma sem-teto vivendo na miséria de uma vida sem grandes planos porque você estava em todos eles. E de repente você não estava mais.

Ninguém quer ser o único que restou em pé. Ninguém quer ser o último a saber.
Mas tudo em que você confia e tudo o que você pode guardar vai te deixar pela manhã.
Nada vai permanecer o mesmo. Eu não sou mais a mesma.

E agora você é apenas alguém que eu costumava conhecer..



Vanêssa Aulette