Passo os dias esperando pelas noites, onde poderei vê-lo e senti-lo como costumava sentir... costumava. Tento transcender e imaginar um final feliz no meio de todo esse rebuliço, assim como nos contos de fadas. Tento buscar em mim um lugar em que eu ache seguro confiar meus sentimentos sem que eu corra o risco de perdê-los lentamente...
Devaneando sinto que estamos na mesma zona de alcance, contudo sua frequência está bem distante da minha. Continuo tentando ler mentalmente as cartas que você não me escreveu e ouvir todas aquelas doces palavras que você não me disse. Continuo tateando no escuro com a ligeira esperança de encontrar a agulha que se perdeu do palheiro. Mas a agulha simplesmente sumiu. A pouco encontro jogada no chão a chave da minha cela cardíaca largada como que sem valor, sem interesse. Já não espero pelo carcereiro; ele se desobrigou de seus afazeres, de guardar o bem mais precioso que eu pude lhe dar: o meu coração...
E assim, largado, sem cuidado, sem atenção, esse órgão vivo vai desfalecendo, assim como eu. Olho nossas fotos, fito seu sorriso na esperança de que estejas sorrindo pra mim. Minhas pálpebras pesadas caem enquanto esse teu sorriso
Nado a esmo na água que brota incessantemente dos meus olhos sem um motivo ao certo. Já não tenho motivos para tentar entender esse mar de incertezas. Aos poucos vou caindo em mim e chegando à conclusão de que nado sozinha...
Aos poucos esse meu coração morre lentamente, perdendo as esperanças como folhas no outono, até que um dia nada resta, nenhuma esperança, não resta NADA...
Vanêssa Aulette
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