sábado, 19 de fevereiro de 2011

120 BPM

De repente o telefone toca. Olho o DDD e meu coração começa a bater mais forte. "Não acredito...", murmuro pra mim mesma. Atendo o telefone. Digo "alô" e em resposta ouço barulhos estranhos.
O telefone desliga.
E liga outra vez.
E desliga outra vez.
E liga outra vez e me responde, enfim, um "alô" entre os chiados do telefonema. Gelei, era sua voz. E digo "alô" novamente e você responde o mesmo. A ligação estava realmente ruim. Ficamos nesse jogo por quase uma eternidade. Quis saber de você, como você estava. Quis poupar os créditos do celular que nem era seu. Mas a ligação não ajudou muito. Colei o aparelho no ouvido, certa de que cada vocábulo seu era unicamente precioso. Ouvir sua "voz de ressaca" durante a ligação cortada fez parecer que eu não a ouvia a séculos. O telefone continuava a chiar. Por pouco não amaldiçoei o celular, mas a presença da sua voz entrecortada absolveu-o. Você foi, inconscientemente, mais uma vez o herói. Da minha alma desfalecente e do telefone.

Cinco minutos apenas, cinco minutos. Você tinha que desligar. Você desligou. E eu fiquei aqui do outro lado da linha congelada. As mãos trêmulas. O coração descompassado. Contei a pulsação, 120 batimentos por minuto. Segurei-o no peito. Achei que ele iria saltar pela boca. Mas não saltou, ficou cá dentro como uma bomba. Como uma criança que brinca no pula pula. Você despertou essa criança.
"Não espere nada da vida os das pessoas, assim evitará futuras decepções e se surpreenderá com as mínimas coisas". Você me surpreendeu. Farei valer tudo aquilo que eu te ensinei. Permitirei-me ser surpreendida cada vez mais. Você me faz bem.Você me faz correr como o sangue nas veias. Nas minhas veias.
De uma coisa eu tenho certeza: se você não me matar de amores, me matará de taquicardia!


Vanêssa Aulette

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