Você revira os móveis, procura em cada canto aquilo que sumiu. Tenta dar forma às ideias, formular hipóteses. É como perder a chave do carro. Você sabe que perdeu mas não sabe onde perdeu. Porque em algum momento as coisas não saíram como deveriam e o amor não vingou, como um bolo sem fermento.
Até que a ficha caia você faz o outro de refém. Você esconde as chaves de casa, prega tábuas nas janelas. Você não o deixa sair. As palavras entram por um ouvido e saem pelo outro, você não aceita.
É como um assalto, você nunca espera que vá sofrer um. Mas de repente você se vê sem carro, sem dinheiro, sem a chave, sem o outro, sem chão. O réu pode não ser o culpado, mas é amado.
De repente você vira um mendigo. Recolhe as migalhas de pão que caem da mesa. Revira os trapos e aceita a sentença. Barganha um pouco do carinho que já não é seu. Você se deixa iludir pelos mínimos e insignificantes gestos. Você não é amado mas aceita o favor.
O amor não são migalhas, são os pães e peixes multiplicados.
Até que se perceba que papai Noel não existe, você continua esperando-o descer da chaminé com presentes e doces. O amor verdadeiro é um presente embrulhado e sem devolução.
O meu está cuidadosamente embalado pra você.
Vanêssa Aulette
O fim de um relacionamento...
ResponderExcluirVocê se deixa iludir pelos mínimos e insignificantes gestos. Você não é amado mas aceita o favor.
palavras ONDE eu busco a revolução da minha alma desencantada ...