terça-feira, 9 de novembro de 2010

Toque de recolher

Sentada na praça vejo a chuva cair por sobre minha pele, mas já não a sinto. Ela sem mistura com a água que brota dos meus olhos incessantemente. Já não sei a diferença entre lágrimas e chuva.
Ouço ao longe uma sinfonia melancólica a tocar. Talvez seja um disciplinado aprendiz de piano angustiado pela palmatória que levara mais cedo... ou talvez essa melodia seja fruto da minha mente e apenas reflita o estado sorumbático no qual me encontro. Já não sei distinguir fantasia de realidade. Já não sei em que ponto deixo de ser eu para ser uma máquina programada, aparentemente sem coração. Mas se até máquinas precisam de um motivo para existir, porque comigo seria diferente?
Não tenho eu mais liberdade do que um prisioneiro perpétuo. Procuro à minha volta algo em que eu possa me agarrar, algo que possa conter a chuva que brota dos meus olhos, mas não tenho tempo para pensar. Soa o toque de recolher, tenho que voltar logo para a minha prisão de sorrisos forçados e de algemas invisíveis...


Vanêssa Aulette

Um comentário:

  1. eu nao sei oq comentar, talvez eu entenda, por sentir e por conhecer vc mt bem...
    estais cada dia melhor

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